segunda-feira, 15 de abril de 2013

Bella e a fera


Photo: Ruben Ireland


Vai mês, vem mês e a TPM sempre chega com carga total. Me pego fazendo um esforço sobrenatural para acreditar em um sentido maior para a semana e meia de raiva sem motivo aparente, para a implicância com o que normalmente não me faz nem cócegas, sem contar com a emoção a flor da pele.

É bem verdade que no restante do mês prefiro mesmo é enxergar o copo meio cheio do que percebê-lo meio vazio... Talvez seja algum resquício do vício pelo jogo do contente que o Complexo de Polyana do final da infância me deixou de herança. Pouco importa porque de qualquer forma o início do mês chega e, junto com ele a tal da TPM me forçando a olhar para os tons mais escuros da vida, aqueles carregados por tintas mais dramáticas e que passam batido no restante do mês. E, justo nesta semana específica, não dá pra desviar o olhar nem por um segundo. Juro que vem uma vontade de parar tudo, entrar na caverna e só sair quando a tempestade passar. Não é nada depressivo (tá bom... talvez um tantinho!), mas é inquietude na veia e uma vontade incrível de introspecção.

Mês passado fui assistir a peça: “A marca da água”(cenário incrível, história ok) e fiquei pensando exatamente nesse meu movimento mensal quando a personagem principal questiona em uma de suas falas: “Eu sei que o nível da água está subindo mas não dá pra ser mais de mansinho?” Peça cabeça mas, de repente, sentí uma vontade imensa de gargalhar até dizer chega; afinal, não é exatamente esse o desejo frequente de todos nós? De que o nível da “água” suba de mansinho enquanto que a oferta do dia é sempre uma enxurrada daquelas?! Trégua, só depois que o ciclo finda... para que o próximo da fila tenha início!

E eu que durante anos me iludí acreditando que a grande consequência desta fase era o aumento da capacidade de raciocínio? Que nada! O que vinha rápido era a emoção, chegando aos borbotões. O meu espelho ficando muito maior, ganhando um zoom potente e me fazendo enxergar o que não foi pedido. Ao mesmo tempo, fazendo enxergar o que já era mais que necessário. Nesses dias de frio na barriga (vamos combinar que iluminar o que está escuro não é fácil não!) a companhia que me faz falta é o velho edredon, se possível uma taça de vinho pra alentar, um punhado de revistas(sim, elas chegam também no início do mês!!!) e o livro da hora na cabeceira. Casulo perfeito! Não resolve o frio interno mas acalenta que é uma maravilha! E, só pra subverter a ordem, o meu balanço mensal acontece mesmo é na primeira quinzena de cada mês, quando consigo enxergar a fera da Bella... Eu e quem chegar perto... 






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