Certa
vez ouví de uma amiga que um filho mais um filho não é igual a dois filhos... é
igual a uma multidão! Dez anos da minha primeira experiência com a maternidade,
dois filhos depois, e concordo cada vez mais com essa afirmação.
Tudo
começou no parto: O primeiro filho nasceu de uma cesária; vício da médica e
inexperiência da mãe de primeira viagem. Nasceu em pleno feriadão de Páscoa e
me fêz renascer. Me tornei mãe no instante que sentí aquele corpinho se
aconchegando no meu e parando de chorar imediatamente. Vínculo explícito pra
quem quisesse ver! O segundo, veio novamente em um feriado, pleno Reveillon,
quase cinco anos depois do primeiro (Brinco que sou mãe de varejo...).Tentei
parir de cócoras, sem anestesia. Sonho realizado, porém, com ajuda do fórceps e
da anestesia, pra me mostrar, desde cedo, que a minha vontade ía ficar em
segundo plano com esse capricorniano legítimo.
Hoje,
cinco anos depois do nascimento do meu caçula e me percebo diariamente uma
aprendiz na tarefa de ser mãe. Afirmo com veemência que não é amor
incondicional, não! Tem instinto agindo pra valer, mas é uma relação
construída, permeada por muita troca! É bem verdade que nós, pais, geralmente
amamos mais! Acho até natural que seja assim porque tivemos consciência durante
todo o processo, foi escolha (consciente ou não) nossa. Eles, descobrirão a
grandeza desse amor depois, com seus próprios filhos. Por outro lado, se bobearmos,
invadimos as nossas crias de projeções, desejos não realizados, expectativas...
Entre
o sabor inesquecível das descobertas da maternidade e as enormes dúvidas sobre
os melhores caminhos para conduzí-los, onde fica a prática do território de
cada um? Onde termina o meu espaço e começa o deles? Tarefa pra herói nenhum
botar defeito!
Não
nego os desacertos, aprendo com eles, reconheço neles a minha humanidade e
tento não repetir. Os acertos, vêm através de cada beijo roubado, dos abraços
de urso ao acordar de manhã e das declarações de amor. Dia desses o meu filho
mais velho me disse que não me chamava durante a madrugada quando acordava assustado
depois de algum pesadelo porque sentia o meu cheiro no travesseiro e o “coração
fica calmo de novo, mãe!” (costumo deitar com eles pra contar alguma estória
antes do sono chegar).
Gero
meus filhos permeados por amor condicional mesmo que, como todo sentimento,
precisa ser alimentado diariamente! Essa é a grande lição que eu, como mãe que
quer que seus filhos se tornem quem eles realmente são, deixo para a minha
pequena “multidão”...