Vai mês, vem mês e a TPM sempre chega com carga total. Me
pego fazendo um esforço sobrenatural para acreditar em um sentido maior para a
semana e meia de raiva sem motivo aparente, para a implicância com o que
normalmente não me faz nem cócegas, sem contar com a emoção a flor da pele.
É bem verdade que no restante do mês prefiro mesmo é
enxergar o copo meio cheio do que percebê-lo meio vazio... Talvez seja algum resquício
do vício pelo jogo do contente que o Complexo de Polyana do final da infância
me deixou de herança. Pouco importa porque de qualquer forma o início do mês chega e, junto com ele a tal
da TPM me forçando a olhar para os tons mais escuros da vida, aqueles carregados
por tintas mais dramáticas e que passam batido no restante do mês. E, justo nesta
semana específica, não dá pra desviar o olhar nem por um segundo. Juro que vem
uma vontade de parar tudo, entrar na caverna e só sair quando a tempestade
passar. Não é nada depressivo (tá bom... talvez um tantinho!), mas é inquietude
na veia e uma vontade incrível de introspecção.
Mês passado fui assistir a peça: “A marca da água”(cenário
incrível, história ok) e fiquei pensando exatamente nesse meu movimento mensal
quando a personagem principal questiona em uma de suas falas: “Eu sei que o
nível da água está subindo mas não dá pra ser mais de mansinho?” Peça cabeça
mas, de repente, sentí uma vontade imensa de gargalhar até dizer chega; afinal, não é exatamente esse o desejo
frequente de todos nós? De que o nível da “água” suba de mansinho enquanto que a oferta
do dia é sempre uma enxurrada daquelas?! Trégua, só depois que o ciclo
finda... para que o próximo da fila tenha início!
E eu que durante
anos me iludí acreditando que a grande consequência desta fase era o aumento da
capacidade de raciocínio? Que nada! O que vinha rápido era a emoção, chegando
aos borbotões. O meu espelho ficando muito maior, ganhando um
zoom potente e me fazendo enxergar o que não foi pedido. Ao mesmo tempo, fazendo
enxergar o que já era mais que
necessário. Nesses dias de frio na barriga (vamos combinar que iluminar o que está escuro não é fácil não!) a companhia que me faz falta é o velho edredon,
se possível uma taça de vinho pra alentar, um punhado de revistas(sim, elas
chegam também no início do mês!!!) e o livro da hora na cabeceira. Casulo
perfeito! Não resolve o frio interno mas acalenta que é uma maravilha! E, só pra subverter a ordem, o meu balanço mensal acontece mesmo é na primeira quinzena de cada mês, quando consigo enxergar a fera da Bella... Eu e quem chegar perto...