Moda
é um enigma delicioso pra mim. Fico pensando nas tendências, no que está por
trás de cada proposta, no que é criatividade genuína e no que é mera imitação,
etc. Se alguém puder responder: As
coleções seguem sugestões ( e, aproveitando, gostaria de saber de quem?!) ou é o inconsciente
coletivo marcando presença a cada nova coleção? A segunda alternativa foi uma tentativa de"psicologizar" a questão e ficar na minha praia mesmo...rs
Dá pra pensar também no tanto que as propostas fashions são meros reflexos do tempo em que
vivemos, cada vez mais veloz, fragmentado e sobrecarregado de vivências e
estímulos a que somos submetidos sem a trégua necessária para transformá-los em
experiência... Onde fica o espaço para o aperfeiçoamento de quem somos quando a
bola da vez é a indústria da imagem de si? Já perceberam que tudo acontece tão
rápido que o novo desaparece antes mesmo de envelhecer? E haja déjà vú para
preencher o vazio interno e tentar amenizar o cansaço desse existir
contemporâneo e sem trégua...
Aliás, que sensação louca essa de nos permitir sentir um passado que nunca existiu... Isso porque esqueço o meu próprio passado, real e necessário para valorizações do vivido e
da minha bagagem de vida e, produzo um passado “fake”. Espontaneidade zero e elaboração de qualquer
coisa, zero também. Fica o vazio, além da
saudade de um tempo onde não se tinha tanta obrigação com a originalidade, com
a performance. Tempo que nem sei se viví um dia... Talvez mais um déjà vú pra
minha coleção...
Ainda
pensando na moda, o conceito vintage
é, na minha opinião, um golpe de gênio! Ele propõe eternizar um passado que não passou,
daqueles imprescindíveis para alimentar a nossa fantasia de futuro e do querer
viver! Uma redenção ao pensarmos na nossa condição humana e da necessidade que temos de que algo fique faltando do que se viveu para que possamos continuar desejando... Mesmo admitindo que atualmente, compreender esse
objeto desejável como algo não material, impossível de ser precificado e comprado, seja uma tarefa para Hércules nenhum botar defeito!
Ok, novos objetos, conceito interessante mas gosto mesmo é das pessoas vintage! Essas que não se
contentam com classificações e contemplam a vida corajosamente, lapidando
momentos oportunos e usando o tempo a seu favor. Que se eternizam por valorizar
justamente o que o status quo mais abomina: O tempo livre! Povo raro esse, eu sei! Mas, tudo que é raro, vale ouro...