domingo, 30 de setembro de 2012

Vintage



Ilustração: Natalie Disko


Moda é um enigma delicioso pra mim. Fico pensando nas tendências, no que está por trás de cada proposta, no que é criatividade genuína e no que é mera imitação, etc.  Se alguém puder responder: As coleções seguem  sugestões ( e, aproveitando, gostaria de saber de quem?!) ou é o inconsciente coletivo marcando presença a cada nova coleção? A segunda alternativa foi uma tentativa de"psicologizar" a questão e ficar na minha praia mesmo...rs

Dá pra pensar também no tanto que as propostas fashions são meros reflexos do tempo em que vivemos, cada vez mais veloz, fragmentado e sobrecarregado de vivências e estímulos a que somos submetidos sem a trégua necessária para transformá-los em experiência... Onde fica o espaço para o aperfeiçoamento de quem somos quando a bola da vez é a indústria da imagem de si? Já perceberam que tudo acontece tão rápido que o novo desaparece antes mesmo de envelhecer? E haja déjà vú para preencher o vazio interno e tentar amenizar o cansaço desse existir contemporâneo e sem trégua...

Aliás, que sensação louca essa de nos permitir sentir um passado que nunca existiu... Isso porque esqueço o meu próprio passado, real e necessário para valorizações do vivido e da minha bagagem de vida e, produzo um passado “fake”.  Espontaneidade zero e elaboração de qualquer coisa, zero também.  Fica o vazio, além da saudade de um tempo onde não se tinha tanta obrigação com a originalidade, com a performance. Tempo que nem sei se viví um dia... Talvez mais um déjà vú pra minha coleção...

Ainda pensando na moda, o conceito vintage é, na minha opinião, um golpe de gênio! Ele propõe eternizar um passado que não passou, daqueles imprescindíveis para alimentar a nossa fantasia de futuro e do querer viver! Uma redenção ao pensarmos na nossa condição humana e da necessidade que temos de que algo fique faltando do que se viveu para que possamos continuar desejando... Mesmo admitindo que atualmente, compreender esse objeto desejável como algo não material, impossível de ser precificado e comprado, seja uma tarefa para Hércules nenhum botar defeito!
  
Ok, novos objetos, conceito interessante mas gosto mesmo é das pessoas vintage!  Essas que não se contentam com classificações e contemplam a vida corajosamente, lapidando momentos oportunos e usando o tempo a seu favor. Que se eternizam por valorizar justamente o que o status quo mais abomina: O tempo livre!  Povo raro esse, eu sei! Mas, tudo que é raro, vale ouro...